26 maio 2009

Na Cabana de Jesus

Por que será que Deus/Jesus não se preocupou com as mais fabulosas dúvidas humanas?


Ele não explica a origem do mal, não se interessa em criar respostas para o problema da dor, não se preocupa em explicar sentidos em calamidades ou tragédias naturais, não diz da anomalia nada além de que ela acontece para que se veja a glória de Deus, não desenvolve uma teologia do “acidente” [como a queda da Torre de Siloé], não discute sobre a maldade do homem poderoso, não cede aos desejos dos que pedem sinais, não favorece explicações nem ao Sinedrio da Religião, e nem tampouco a um de seus mais nobres membros: Nicodemos; não se impressiona com os poderes humanos, políticos, militares ou de qualquer outra ordem; não diz por que o diabo existe, não explica quem são os espíritos imundos nos homens, não define nada sobre a queda dos anjos, não diz de que natureza seriam os “sinais nos céus” que encheriam a terra perto do fim; não diz quando o mundo vai acabar; não deixa códigos a serem decifrados; não tem uma instrução para um grupo de iluminados; não dá a mínima às questões filosóficas dos seus dias; não diz quem é joio e nem quem é trigo; não diz por que Moisés e Elias apareceram a Ele; não se preocupa com as interpretações que disso poderiam advir..., para o bem e para o mal; não entra no assunto sobre quem eram os filhos de Deus que possuíram as filhas dos homens e geraram Gigantes; não fala da existência da Terra antes do homem; não satisfaz curiosidades; não atende a caprichos; e, o pior de tudo: não defende Deus de nada!...


Além disso, não se ajudou marqueteiramente em nada!...


Conforme eu disse em outro texto:

Por isto, Ele nunca precisou de provas, nem de muitas testemunhas, nem de uma sobrevoada triunfal sobre a Fortaleza Antônia a fim de humilhar Pilatos, ou nem mesmo de uma descida dos céus sobre o Santo dos Santos de Jerusalém para esmagar a descrença do Sinédrio; nem tampouco precisava Ele dar uma parada na Ascensão sobre o edifício do Senado de Roma, a fim de evidenciar algo fantástico ao mundo.


Por quê?...


Porque o homem tem que crer exclusivamente pelo testemunho do Espírito; e mais: porque não há explicações a serem dadas aos homens!... Sim, infelizmente para muitos, mas creia: Deus jamais se explicará!...


Afinal, se Ele conseguisse e eu entendesse, a implicação seria a implosão de Deus e o fim de todas as existências, as quais existem em harmonia impossível de que qualquer mente, que não seja a de Deus, possa jamais compreender.


Se Jesus explicasse, assim, como os homens explicam, creia: meu interesse por Ele acabaria na hora...


Para mim, nesse caso, Ele seria no máximo aquele Jesus do livro “A Cabana” — bonitinho, fofo, legal, conhecedor de Física Quântica, cheio de respostas do Jaques Elull e do Soren Kierkegaard...


É o Jesus que não explica, justamente o Jesus que me diz tudo!...


Mas vai ver que o doente sou eu... Entretanto, na pior das hipóteses, seria uma doença contraída em razão do descaso Dele com a dor como debate ou como filosofia.


Nele, que apenas amava, curava, fazia o bem, e tornava o mais sem significado de todos os homens uma cachoeira de sentido em Deus,


Caio
26 de maio de 2009
Lago Norte
Brasília
DF

16 maio 2009

A Ceia do Senhor

Um dos desvios que mais me entristece na igreja cristã é referente à Ceia do Senhor. Como em tudo, devemos buscar a simplicidade e clareza do ensino de Jesus e deixarmos os acréscimo da igreja.


Contudo, quantos aceitam o desafio de romper com a religiao e seguir a simplicidade do Evangelho nesse caso, quando o ritual da Ceia e o exclusivismo praticado pela "igreja" tem dominado por milênios?


Antes de continuar a leitura deste texto, leia os textos bíblicos a respeito da Ceia do Senhor; leia todos eles com atenção; não leia a letra, ouça a Palavra! Considere as respostas que estes textos dão às suas perguntas a respeito da Ceia: Mateus 26.17-35; Marcos 14.12-31; Lucas 22.7-34; João 13.1-30; I Coríntios 10.14-22 e I Coríntios 11.17-34.


Faça uma leitura livre de tudo o que você já ouviu e viu a respeito da Ceia. Ouça Jesus e o apóstolo Paulo; creia no que eles ensinaram a respeito. É bem simples!


Eis algumas questoes que me tem sido feitas e que trataremos aqui:


Como deve ser ministrada a Ceia?
Quem deve ministrar?
O pao e o vinho são sagrados?
Quem está em pecado pode participar da ceia?
Crianças podem participar da Ceia?
O que dizer de participar indignamente?
O que é tomar e beber condenação para si mesmo?


Antes de mais nada, lamento que tantas questões tenham se levantado a respeito da Ceia do Senhor, a ponto de perdermos a essência dela, a sua beleza, a Graça revelada nela.


Na noite em que foi traído...


Foi nesta noite que Jesus instruiu os apóstolos a respeito do pão e do vinho. Portanto, uma noite de despedidas, de tristeza, de agonia. E Jesus ansiava por comer a refeição da páscoa com seus discípulos antes de completar sua obra. No dia seguinte, ele estaria morto na cruz por causa dos nossos pecados, cumprindo a justiça e recebendo em si mesmo a maldição da Lei; e para sempre nos lembraríamos desta Graça ao comermos o pão e tomarmos o vinho.


Foi nesta mesma refeição, também, que João reclinou a cabeça no peito de Jesus.


Foi nesta noite que Jesus lavou os pés dos discípulos e disse a eles que seguissem seu exemplo.


Foi nesta noite que Jesus prometeu enviar o Consolador que estaria para sempre conosco.


Foi nesta noite que Jesus deu inúmeras orientações ao discípulos... ele estava se despedindo desta terra.


Foi nesta noite que Pedro negou...


A Ceia do Senhor nos fala de realidades tão maravilhosas, tão superiores às questões que os homens colocaram no centro das discussões, que me desgosta ter que tratar delas, me desgosta saber que os homens brigam por causa delas, se dividem.


Se todos nós nos preocupássemos tão somente em receber o pão e o vinho na Ceia do Senhor, com o mesmo espírito de amor e ternura do Senhor Jesus, ansiando por sua volta quando participaremos da Ceia com Ele na glória, sem nos preocuparmos com quem deve ministrar, quem deve participar, qual a forma certa e todas as demais questões levantadas, viveríamos um vida mais frutífera de comunhão com o Pai , com o Filho e com o Espírito Santo.


Isto posto, vamos as questões:


Como deve ser ministrada a Ceia?


Nos textos que leu, você viu Jesus ou Paulo dando alguma instrução sobre a forma de se ministrar a Ceia?


A única instrução tem a ver com o pão, comida básica na refeição, e o vinho, bebida também comum, ambos usados regularmente nas refeições da Páscoa, recebendo novos significados: o pão simboliza a carne de Cristo, o Cordeiro santo que foi sacrificado, e o vinho simboliza o sangue dele derramado.


Paulo diz que a forma deve priorizar a participação conjunta de todos os presentes no momento. No mais, nada é dito; portanto, ninguém deve estabelecer uma forma como sendo a certa. A Igreja de Atos participava da Ceia regularmente e nunca se diz de qual forma se utilizavam.


A questão toda está no coração e não na forma!


Quem deve ministrar a Ceia?


Nos textos lidos você encontrou alguma instrução sobre quem deve ministrar a Ceia? Em algum lugar se diz que deve ser uma pessoa autorizada para isto? Uma pessoa ordenada?
Não se diz apenas para que eles fizessem isto “sempre, em memória de mim”?


A Páscoa judaica, de onde procede a Ceia do Senhor, era feita em família; o pai reunia a esposa e os filhos e, dependendo do tamanho da família, outras se uniam a ela. Era o pai o “ministro”.


Com a instituição do sacerdócio, o cordeiro pascal passou a ser sacrificado pelos sacerdotes. O ofício sacerdotal já passou, conforme instruções de Paulo e do escritor aos Hebreus. Jesus, o perfeito sumo-sacerdote realizou a última e perfeita oferta, ele próprio.


Todos os filhos de Deus são sacerdotes! Todos podem partilhar a Ceia, estando dois ou três reunidos em nome de Jesus. Uma família pode partilhar a Ceia do Senhor, irmãos em viagem podem partilhar a Ceia do Senhor. Pela fé, qualquer grupo pode se reunir e receber o pão e o vinho, alimentando-se de Cristo.


Este é um privilégio de todo aquele que pertence a Cristo e deve ser exercido enquanto se caminha e se encontra com outros e não como parte de um ritual religioso, ministrado somente em reuniões religiosas por sacerdotes da religião.


Deve ser como na Igreja de Atos: eles se reuniam de casa em casa e partilhavam a Ceia! Alguém imagina, lendo Atos, que os apóstolos e outros líderes estavam em todos os lugares para ministrar a Ceia?


Logo, repito, a Ceia é um privilégio do filho de Deus e ninguém deve ficar sem participar dela simplesmente por não haver uma pessoa autorizada a ministrá-la. No evangelho, todo filho de Deus, servo de Jesus Cristo, está autorizado!


Os pais deveriam reunir toda a família e partilhar com ela a Ceia do Senhor, no espírito do Evangelho que é de amor, ternura, compaixão, comunhão! Você já pensou que maravilha, pais e filhos reunidos em torno da Ceia do Senhor, como parte da vida com Cristo e não como algo restrito aos ofícios religiosos?


O PÃO E O VINHO SÃO SAGRADOS?


Esta pergunta tem a ver com o fato de alguns pastores enterrarem o pão e o vinho que sobram após a Ceia e com o entendimento católico de que o pão se transforma em corpo de Cristo e o vinho em sangue.


Bem, você viu alguma coisa parecida nos textos? O pão é pão e o vinho é vinho; simbolizam realidades espirituais, as quais são recebidas pela fé. Não há nada de especial no pão e no vinho. Nem antes nem durante nem depois da Ceia. Não ha nenhuma magia envolvida!


Tudo está no coração e não nos elementos!


Quem está em pecado pode participar da ceia?


O que significa “está em pecado”? Quem conhece o coração para julgar alguém a este respeito?


A quem Jesus ofereceu a ceia? A Judas, que o iria trair (embora alguns neguem que ele tenha participado); mesmo que Judas não tenha participado, Pedro participou, e foi quem negou a Jesus. Os demais apóstolos participaram e todos o abandonaram; Tomé era incrédulo, Tiago e João queriam mandar queimar os samaritanos.


Logo após a Ceia passaram a discutir sobre qual deles era o maior. Pedro deu uma de bom, superior ao próprio Jesus. Foi esta gente que participou da Ceia.


E se estivessem ali outros “publicanos e pecadores” teriam participado também.


A Ceia é para pecadores! Ela anuncia aquele que morreu pelos pecados, por todos eles! Logo, qualquer pecador que no momento da Ceia, pela fé reconhece Jesus como seu salvador, sendo atraído pela Graça que salva, que perdoa, que aceita, que inclui, deve participar.


E cada um deve examinar a si mesmo, Paulo repete isto duas vezes! Portanto, ninguém deve ser juíz de ninguém; deve apenas receber a ceia e se alegrar pelo outro que a recebe também. Somos todos pecadores diante da Ceia do Senhor, o qual se entregou por nós, pela nossa redenção!


Publicanos e pecadores, prostitutas e ladrões, mentirosos e desonestos, você e eu... todos são bem-vindos à Ceia! Ali há Graça para o pior pecador. Só não há lugar para o que pensa estar em condições de participar dela e que despreza o outro. Este comerá e beberá condenação para si.


E O QUE DIZER DO “BEBER INDIGNAMENTE” E “BEBER CONDENAÇÃO”?


Paulo diz: “Aquele que comer o pão ou beber o cálice do Senhor indignamente será culpado de pecar contra o corpo e o sangue do Senhor. Examine-se cada um a si mesmo, e então coma do pão e beba do cálice. Pois quem come e bebe sem discernir o corpo do Senhor, come e bebe para sua própria condenação. Por isso há entre vocês muitos fracos e doentes, e vários já dormiram. Mas, se nós tivéssemos o cuidado de examinar a nós mesmos, não receberíamos juízo. Quando, porém, somos julgados pelo Senhor, estamos sendo disciplinados para que não sejamos condenados com o mundo”.


Você observou que nas duas vezes em que Paulo fala de beber indignamente e beber condenação, imediatamente ele conclama cada um a examinar a si mesmo? Normalmente quando as pessoas se preocupam com o beber indignamente, além de não saberem do que Paulo está falando, estão apontando para outros e não para si mesmos. Estão querendo razões para impedir alguém de participar da Ceia, razões para a liderança da “igreja” afastar alguém da Ceia por este ter um comportamento “pecaminoso”.


Quanto a esta questão de beber indignamente e beber condenação, cada um olhe para si mesmo. Paulo não está falando aqui de coisas exteriores, mas do coração. Cada um que se enxergue, se examine, diante do Senhor e seja julgado por Ele e somente por Ele.


Ao participar da Ceia, cada um deve se examinar diante do Senhor, deve considerar a presença do Senhor Jesus, deve considerar seu corpo e sangue, diante da cruz, onde nossos pecados foram carregados.


Deve abrir-se para este trabalho disciplinador da Graça de Deus em Cristo. Cada um deve, diante desta realidade do corpo e do sangue de Jesus, oferecidos por causa dos nossos pecados, para nossa redenção, examinar sua vida e então participar da Ceia, dando sempre razão a Deus, aceitando o julgamento de Deus de que se é pecador, de que seus atos merecem a condenação e, pela fé, aceitar o perdão que vem da cruz, onde toda condenação foi abolida.


Quando nos examinamos e reconhecemos nossa culpa pelo pecado que SOMOS, e também, pelo pecado que cometemos, não importa qual seja ele, e aceitamos o sacrificio de Jesus, então já não há condenação para os que estão em Cristo Jesus ( Romanos 8.1); é só comer o pão e beber o cálice!


Na continuação do texto em I Co 11, Paulo diz: “Portanto, meus irmãos, quando vocês se reunirem para comer, esperem uns pelos outros. Se alguém estiver com fome, coma em casa, para que, quando vocês se reunirem, isso não resulte em condenação”.


Observe que Paulo volta a falar da condenação. Todo o texto de I Coríntios 11.17-34, nos mostra o que é. Paulo está falando das divisões e intrigas que haviam na igreja de Corinto, dos exageros, da orgia com o comer e beber (v.21) . Eles estavam participando indignamente e estavam recebendo condenação.


Comer e beber indignamente e receber condenação não é beber “estando em pecado”, conforme a lista da “igreja”, pois todo pecado encontra perdão na cruz e não há condenação, como já disse acima; comer indignamente é comer e beber a Ceia sem amor e reverência pelo próximo; ao invés de examinar-se diante do Senhor, examina o próximo, cuida da vida do próximo, é ser juiz do outro, é comer de um banquete que divide. É participar com orgulho e presunção. É não considerar que na noite em que foi traido, Jesus ceou com seus discípulos, tendo lavado os pés até do traidor. A Ceia deve ser recebida por nós, cada um pronto a lavar os pés uns dos outros, até dos traídores entre nós.


Participa indignamente da Ceia todo aquele que se acha digno de participar.


CRIANÇAS PODEM PARTICIPAR DA CEIA?


Nos textos bíblicos lidos, há alguma indicação de que criança não possa participar? Jesus disse alguma coisa proibindo a criança de participar? Não foi ele mesmo quem disse que das crianças é o Reino de Deus? Não foi ele quem disse para deixarmos as crianças irem a ele?


Ora se a Ceia do Senhor é alimento espiritual, é união com Cristo, o que impede uma criança de ir a Ele ao comer e beber o cálice?


Se a Ceia do Senhor está relacionada à Páscoa do Velho Testamento, então as crianças devem participar; na Páscoa, todas as crianças participavam. Os pais deveriam orientar os filhos sobre o significado do que estavam fazendo.


Da mesma forma, como já foi dito acima, a participação na Ceia do Senhor não deveria ser restrita aos ofícios religiosos; ao contrário, deveria ser uma prática comum na família, onde os pais reunem os filhos e partilham com eles a Ceia, explicando o significado do pão e do vinho.


Assim, as crianças não apenas são alimentadas de Cristo, vão a ele e são por ele abençoadas, como também crescem vivendo a verdade da morte e ressurreição de Cristo, ao participarem da Ceia regularmente.


Além disto, aprendem que este não é um ritual da “igreja”, mas uma experiência da vida, da família, do filho de Deus enquanto caminha; onde esta criança estiver quando crescer, poderá receber pela fé, os elementos da Ceia, sem a intermediação de um “sacerdote”; é privilégio dela, como filho de Deus, em qualquer lugar e a qualquer hora.


Jesus prometeu partilhar conosco a Ceia quando ele voltar. O irmão Beto (Carlos Alberto) lembrou bem que no céu haverá crianças e certamente elas participarão da Ceia! Ou alguém diria que não? Pode ser que alguém diga: “Mas no céu é diferente”. Respondo: Vivamos a realidade do céu agora!


Ou será que alguém diria que não temos apoio bíblico para deixar nossas crianças participarem?


Alguns usam a orientação de Paulo sobre “examinar-se a si mesmo”, como motivo para a criança não participar, já que ela não pode examinar-se; ora, a criança não precisa examinar-se; sua infância confirma isto; Jesus chegou a dizer que se não nos tornarmos como crianças não herdaremos o Reino de Deus. Ela precisa apenas saber o significado do que está comendo.


Além do mais, já explicamos que o “examinar-se” relaciona-se com o cuidado de não examinar o outro quanto à dignidade dele em participar ou não da Ceia e quanto a ver seus pecados na cruz, onde a condenação foi cumprida. A criança não precisa deste exame; não há nela esse julgamento do alheio.


Que benção maravilhosa nossos filhos crescerem participando da Ceia; Jesus as toma nos braços e as abençoa!


Para concluir, não deixemos que todas estas questões nos roubem a simplicidade da comunhão na Ceia do Senhor. Não nos preocupemos com estas coisas; apenas participemos e deixemos todos os outros participarem com alegria e devoção, com reverência a cada um em suas tragédias e lutas espirituais, sem exercermos juízo sobre ninguém; somente Deus conhece o coração; ao invés de vigiarmos o outro, adoremos a Deus em nosso coração ao recebermos o pão e o vinho.


Enquanto caminhamos nessa vida, sujamos os pés; às vezes atolamos no barro; Jesus se apresenta para lavar nossos pés. Se amamos a Jesus e o seguimos, crendo na sua obra consumada, já estamos limpos; basta lavar os pés; a Ceia é um momento precioso em que Jesus nos lava os pés.


Reconhecendo que todos temos os pés sujos e dispostos a lavar os pés uns dos outros, participemos da Ceia em memória dEle todas as vezes! Foi o que ele nos pediu!


Em Cristo, nosso querido Salvador!


Adailton César

02 maio 2009

A Liberdade de Deus

Quando encontrei Aquele que me separou para Ele mesmo antes da fundação do mundo —delírio de quem crê e não duvida!—, uma das primeiras questões que me vieram foi sobre o destino daqueles que nunca haviam recebido a “informação” histórica acerca do Evangelho.


Li todos os comentaristas bíblicos que estavam disponíveis na biblioteca de meu pai e de muitos amigos teólogos e pastores.


Eu tinha entre 18 e 19 anos.


Sentia-me como um potro no cio pelas experiências do saber e do conhecimento.


Mas ninguém falava do assunto.


O Tema era Tabu!


Então, resolvi fazer o que sempre faço até hoje: ler a Palavra, mesmo que sem “acompanhante”, e pedir a Deus o discernimento do assunto.


Minha “tese” de ordenação ao ministério presbiteriano foi acerca disso.


Nunca a publiquei em razão de ter visto o alvoroço que ela causou no presbitério que se reuniu para “examiná-la”.


Foram quase três dias de debate!


A maioria me julgava “liberal” por ter o entendimento que ali expressei.


O que eles não podiam entender era que apesar de crer daquele modo, meu compromisso com o anúncio das Boas Novas era mais intenso do que eles conseguiam imaginar ser possível em alguém que afirmasse o que eu afirmava.


Meus eixos para o discernimento da questão eram simples:


1. Deus não condenaria à danação quem nunca soube nada além do que soube.


2. Cada um seria, portanto, julgado pela luz que teve, não pela luz que não teve.


3. A Cruz de Cristo é o centro de tudo. Portanto, a salvação é sempre em Cristo, mesmo que o salvo nunca tenha ouvido falar nEle como “nome próprio”.


4. O personagem Melquisedeque era a resposta para a Graça da Revelação que acontece “fora” do contexto geográfico, histórico, político, cultural da “informação” salvadora.


5. Os filhos de Abraão eram os condutores históricos da “informação salvadora”, não o limite da Graça salvadora.


6. A Queda em Adão não poderia ser mais esmagadora que a Salvação no Segundo Adão: Jesus!


7. Uma infinidade de textos do Antigo e do Novo Testamento me davam essa certeza: Deus nunca se confinou às fronteiras de nenhuma geografia; e não se tratava apenas de “Graça Comum”, mas, para mim, o Comum era a Graça. Nada poderia e pode ser “mais especial”.


8. A observação humana do fenômeno humano me mostrava, desde criança —talvez em razão da educação humana e aberta que vinham de meu avô, João Fábio, e de meu pai—, que Deus não manifestava a Sua “imagem” apenas nos “crentes”, mas em todos os homens— sem falar que meu avô nunca foi “evangélico”, mas poderia ensinar a todos os pastores que eu conheço o que é possuir uma consciência cristã, em relação a Deus, a si mesmo e ao próximo, mesmo sem ter tido a informação histórica acerca do benefício da Graça que nos alcançou em Jesus Cristo.


9. Sempre cri no inferno, mas nunca achei que ele fosse um lugar, e nem que pudesse ser aferido com categorias humanas de “tempo”. Para os “cristãos” o tempo é uma das coisas mais mal compreendidas; daí nosso conceito de “eternidade” ser tão vinculado ao tempo —a lgo que não acaba nunca; que a gente assiste como um dia depois do outro... Bobagem!


10. Minha motivação para pregar a Palavra não era o inferno, nem o juízo, mas o privilégio de anunciar tão grande salvação a todos homens; sem falar que sempre preguei a Graça como uma Graça para quem a anuncia como expressão da gratidão de haver sido iluminado pela maravilhosa e única salvação, que está em Cristo.


Bem, quase trinta anos depois, preparo-me para re-escrever a minha “tese”, que não é minha e nem é original, pois está explicitada na Palavra — isso para quem não tem medo de “somar” e dizer o “resultado”.


Não há nada novo debaixo do sol.


A novidade é apenas a coragem de expressar o que está “revelado”.


O problema é que há os “pregadores de etiqueta”, que sempre tentam colar em você os mais diferentes “rótulos”.


Eu, no entanto, estou livre; nunca estive tão livre, e essa liberdade não avança para além do que sempre cri e expressei, conforme a Palavra.


A diferença é que hoje digo da varanda muitas coisa que antes eu dizia no “interior” da casa.


Para quem desejar, tanto neste site, como em muitos outros livros meus, o assunto está posto sem titubeio. Sem falar que no meu livro O Enigma da Graça o tema está mais que aberto!


Deus não é judeu!


Deus não é cristão!


Deus não é protestante!


Deus não é evangélico!


Deus não é neopentecostal!


Deus é!


Nós é que somos essas “coisinhas” pequenas, e queremos que o Senhor caiba nessas caixinhas de pequenas convicções, e que calce Seus santos pés com sapatinhos de japonesa!


Agora, enquanto escrevo isto, sei que o Espírito está se revelando nas ilhas remotas, nas selvas esquecidas, nos montes inatingíveis, nas tribos perdidas, nos guetos impenetráveis e nos ambientes inalcançáveis dos corações de milhões de seres humanos!


Ora, isto sem que nenhum “missionário” lá tenha chegado!


O Espírito sopra onde quer, ou não?


Mas como eu não sei o que Deus está fazendo, eu faço o que Jesus mandou: eu prego a Boa Nova!


O meu privilégio e anunciar isso do modo como Jesus fez, e que no Evangelho é tão claro: sem religião!


Jesus não nos chamou para uma religião. Ele nos chamou para a Vida!


Quem ouvir a voz de Deus no Evangelho pregado e confirmado pelo Espírito será salvo. Quem teve a mesma chance e decidiu não crer já está condenado!


Quem nunca ouviu nada de homem algum, será ouvido por Deus e julgado por Ele —e somente por Ele— conforme a consciência que teve e de acordo com a iluminação que possuiu.


Mas ninguém é salvo sem que tenha sido por causa da Cruz e do Sangue conhecido antes da fundação do mundo: o sangue do Cordeiro!


E saibam: este Sangue tem Poder!


NEle, que é livre,


Caio